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terça-feira, 22 de março de 2011

Dicas Práticas_Pimenta (melhor do que se pensava)

Degustar um prato apimentado deflagra reações no organismo que vão muito além daquela ardência na língua.

Esse incêndio todo é obra de uma substância encontrada na malagueta, na cumari, na dedo-de-moça e em outras tantas pimentas: a capsaicina. Em contato com membranas da boca, do nariz e da garganta, ela desencadeia um sinal de dor transmitido de célula a célula até chegar lá em cima, na massa cinzenta. “É a mesma mensagem enviada em casos de queimadura por fogo”, afirma Rita de Cássia Pereira Alves, pesquisadora da Embrapa Agroindústria Tropical, em Fortaleza, no Ceará. O cérebro, aflito, reage produzindo endorfinas – compostos similares à morfina, que eliminam a sensação dolorosa.

Em outras palavras, a pimenta é uma contradição em forma de fruta (sim, ela é fruta): arde, mas ao mesmo tempo alivia dores. Cientistas da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, levaram a pequena incendiária da cozinha para o laboratório e comprovaram sua dupla faceta. Eles isolaram a capsaicina e a associaram a um derivado de lidocaína, um anestésico local usado para operações dentárias e para apagar inflamações. O preparado conseguiu silenciar os neurônios sensíveis à dor. “A capsaicina bloqueia apenas a condução do impulso dolorido. Já os analgésicos tradicionais barram os estímulos de todos os neurônios sensoriais, afetando sentidos como o tato”, explica a farmacêutica Isabela Guerreiro, do Rio de Janeiro.

Além de mitigar dores, a ardência do tempero acelera os batimentos cardíacos, aumenta a produção de suor e de saliva. Em suma, faz o corpo queimar mais energia, sobretudo aquela armazenada na forma de gordura.

Esse mérito não cabe somente à capsaicina, mas também à di-hidrocapsaicina, que, diga-se, é menos ardida do que sua prima. Prova disso veio da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, também nos Estados Unidos. Ali, um grupo de pesquisadores analisou 33 mulheres e homens obesos: parte deles recebeu placebo e outra parte uma dose de di-hidrocapsaicina. Os resultados mostraram que a substância ajudou a torrar entre 100 e 200 calorias extras por dia.

A pimenta também possui propriedades vasodilatadoras, ou seja, ela aumenta o calibre de nossos vasos. Esse efeito dá aquela mãozinha para a circulação sanguínea, melhorando a irrigação inclusive dos órgãos genitais – daí sua fama de afrodisíaca. “Além disso, ela contém poucas calorias e é fonte de vitaminas A,C e do complexo B”, lembra a nutricionista Camila Leonel Mendes de Abreu, da equipe de nutrição do Centro de Atendimento e Apoio ao Adolescente da Universidade Federal de São Paulo.

A vitamina A é famosa por preservar a saúde dos olhos. Já a C, um dos antioxidantes mais badalados, entra na produção de anticorpos. Finalmente, o time do complexo B, que inclui substâncias que evita a malformação fetal. Para tirar proveito de todos esses benefícios a sugestão é apostar nas pimentas vermelhas. “Elas possuem maior valor nutricional do que as verdes”, diz Camila.

O único senão para o consumo do condimento vai para as pessoas que sofrem de gastrite. Para esses indivíduos, o conselho é evitar exageros, porque as pimentas financiam a produção de ácido clorídrico, o que pode incendiar ainda mais o cenário estomacal. E, para aqueles que não deixam uma pimentinha de lado, um recado: a capsaicina não é solúvel em água, somente em óleo. Então pouco adianta entornar copos e mais copos do líquido para aplacar a queimação. Nessas horas, prefira alimentos com pitadas de gordura na composição, com um gole de leite, para obter algum alívio.

Fonte:

NASCIMENTO, L. Pimenta: alívio ardido para as dores. Revista Saúde é Vital. São Paulo, n. 325, p. 30 – 33, jun. 2010


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