∞∞∞∞∞∞∞∞

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Pense Nisso...Crônica de Amor

por Roberto Freire

Ninguém ama outra pessoa pelas qualidades que ela tem, caso contrário os honestos, simpáticos e não-fumantes teriam uma fila de pretendentes batendo a porta. O amor não é chegado a fazer contas, não obedece a razão.

O verdadeiro amor acontece por empatia, por magnetismo... Ninguém ama outra pessoa porque ela é educada, veste-se bem e é fã do Caetano. Isso são só referenciais. Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá, ou pelo tormento que provoca. Ama-se pelo tom de voz, pela maneira que os olhos piscam, pela fragilidade que se revela quando menos se espera. Você ama aquela petulante. Você escreveu dúzias de cartas que ela não respondeu, você deu flores que ela deixou a seco. Você gosta de rock e ela de chorinho, você gosta de praia e ela tem alergia a sol, você abomina o Natal e ela detesta o Ano Novo, nem no ódio vocês combinam.

Então?

Então que ela tem um jeito de sorrir que o deixa imobilizado, o beijo dela é mais viciante do que LSD, você adora brigar com ela e ela adora implicar com você. Isso tem nome. Você ama aquele cafajeste. Ele diz que vai e não liga, ele veste o primeiro trapo que encontra no armário.

Ele não emplaca uma semana nos empregos, está sempre duro, e é meio galinha. Ele não tem a maior vocação para príncipe encantado, e ainda assim você não consegue despachá-lo. Quando a mão dele toca na sua nuca, você derrete feito manteiga. Ele toca gaita de boca, adora animais e escreve poemas. Por que você ama este cara? Não pergunte para mim. Você é inteligente. Lê livros, revistas, jornais. Gosta dos filmes dos irmãos Coen e do Robert Altman, mas sabe que uma boa comédia romântica também tem o seu valor. É bonita. Seu cabelo nasceu para ser sacudido num comercial de xampu e seu corpo tem todas as curvas no lugar. Independente, emprego fixo, bom saldo no banco. Gosta de viajar, de música, tem loucura por computador e seu fettucine ao pesto é imbatível. Você tem bom humor, não pega no pé de ninguém.... Com um currículo desse, criatura, por que diabo está sem um amor?

Ah, o amor, essa raposa. Quem dera o amor não fosse um sentimento, mas uma equação matemática: eu linda + você inteligente = dois apaixonados. Não funciona assim. Amar não requer conhecimento prévio nem consulta ao SPC. Ama-se justamente pelo que o Amor tem de indefinível. Honestos existem aos milhares, generosos tem às pencas, bons motoristas e bons pais de família, tá assim, ó!

Mas ninguém consegue ser do jeito que o amor da sua vida é!

Vi na Humauniversidade

terça-feira, 28 de junho de 2011

Dicas Práticas_Cosméticos - Os aditivos danosos à saúde

Quem conhece minhas receitas formuladas para os cuidados com a pele, sabe que sou adepta da cosmética Ayurveda (vinculada à medicina milenar hindu Ayurvédica), que é 100% fitoterápica e basicamente pautada em óleos vegetais como excipiente ou mesmo sinergia terapêutica.

E, um dos motivos é exatamente este: ao usar somente óleos vegetais e essenciais, não se faz necessário o uso de aditivos como emulsionantes, espessantes, estabilizantes, etc., como é o caso da cosmética convencional.

Vejamos agora os aditivos químicos comumente usados em cosméticos e que exigem atenção e cuidado especial do consumidor:

Ureia_ é um dos hidratantes mais usados em cosméticos tanto pela eficácia quando pelo baixo custo. O que muitos desconhecem é o fato dela ser proibida para gestantes. O principal motivo dessa restrição é que a ureia penetra profundamente na pele, podendo inclusive atravessar a placenta e entrar em contato com o feto em formação, trazendo ao bebê consequências ainda desconhecidas. Com o objetivo de controlar o uso do componente em cosméticos, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou, em parecer técnico de 2005, que produtos com dosagens de ureia superiores a 3% da composição total devem ter no rótulo a observação: “Não utilizar durante a gravidez”. A Anvisa ainda proíbe a fabricação de cosméticos que contenham em sua composição mais de 10% de ureia.

Parabenos_de acordo com estudo da Universidade de Reading, Reino Unido, publicado em 2004 no Journal of Applied Toxicology, os conservantes parabenos se comportam como se fossem o estrogênio, hormônio produzido naturalmente pelo organismo feminino. O mesmo jornal publicou que o uso de parabenos em produtos cosméticos destinados à área das axilas, como desodorantes, deve ser reavaliado. Estudos recentes levantaram a hipótese de que o uso do conservante nessa região pode estar associado ao aumento da incidência de câncer de mama, o que foi confirmado em teste realizado recentemente. Os parabenos podem ser identificados nas formulações dos cosméticos e desodorantes com diversas nomenclaturas: parabens, Methylparaben, ethylparaben, propylparaben e butylparaben.

Conservantes que liberam formol_diversos cosméticos utilizam em sua formulação conservantes que produzem e liberam formol na pele. Além da conhecida toxicidade do formol, estudo realizado no Departamento de Dermatologia da Universidade de Debrecen (Hungria), em maio de 2004, revelou que o formol pode contribuir para o aparecimento de câncer induzido pela radiação ultravioleta do sol. O consumidor pode se proteger destas substâncias observando cuidadosamente os rótulos das embalagens, procurando pelas seguintes substâncias: quatérnium-15, diazolidinil hora, imidazolidinil ureia e DMDM hidantoína.

Propilenoglicol_é um componente usado em ampla variedade de cosméticos como diluente de outras substâncias. Seu uso prolongado pode causar alergias e irritações. Em 2005, estudo realizado com mais de 45 mil pacientes na Universidade de Göttingen, Alemanha, confirmou o potencial sensibilizante do propilenoglicol. A mesma experiência foi feita por profissionais do Departamento de Dermatologia do Hospital Osaka Red Cross, Japão, no mesmo ano, confirmando o resultado. Para saber se o seu produto cosmético contém propilenoglicol na composição, verifique a palavra propylene glycol no rótulo embalagem.

Óleo mineral e os derivados do petróleo_os derivados do petróleo, como os óleos minerais, estão presentes na maioria dos produtos cosméticos devido ao seu baixo custo e suas propriedades emolientes para a pele. Entretanto, estudos recentes realizados nos EUA e no Japão associam o uso desses componentes ao aumento da mortalidade por diversos tipos de câncer, como o de pulmão, esôfago e estômago, além de leucemia. Isso se deve à presença de um composto chamado 1,4-dioxano, uma substância cancerígena. Para identificar a presença desses componentes em seu produto cosmético, basta procurar no rótulo as palavras paraffin oil e mineral oil.

Benzofenonas e derivados da cânfora_o filtro solar é artifício que se informa como indispensável para quem deseja proteger a pele dos danosos raios UV. No entanto, poucas pessoas conhecem a consequência do uso prolongado de alguns destes componentes sobre a pele. Pesquisa realizada na Dinamarca, em 2004, apontou a presença de fotoprotetores no sangue e na urina, indicando que esses foram absorvidos pelo organismo. Além disso, assim como os parabenos, esses compostos imitam o hormônio feminino estrogênio. Para maior segurança, no momento da compra de um fotoprotetor, procure nos rótulos as palavras benzophenone ou 3-(4-methyl-benzylidene).

Corantes e essências artificiais_A Comissão Europeia de Empresas e Indústrias Farmacêuticas afirma que os corantes e as essências podem causar irritações cutâneas. Pessoas com pré-disposição a alergias devem dar preferência a produtos formulados sem corantes e com baixo teor de essências, ou que contenham em sua formulação somente componentes naturais e orgânicos.

Lanolina, ácido sórbico e bronopol_o lanolin, substância obtida da lã do carneiro e comumente usada em produtos de beleza como substância emoliente hidratante, o ácido sórbico (Sorbic acid) e o bronopol também devem ser evitados por alérgicos.

Leia também: Aromaterapia: Problemas de Pele

Fontes: Maurício Gaspari Pupo, pesquisador, coordenador de pós-graduação em Cosmetologia das Faculdades Unicastelo de São Paulo, Unigranrio do Rio de Janeiro e Metrocamp de Campinas e diretor técnico da Consulfarma Assessoria Farmacêutica. Site: www.aromarte.com.br

Vi no Doce Limão

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Quarto com plantas....pode?


Para um quarto com iluminação natural e com boa ventilação pode.
As prateleiras tomadas por vasos brancos com heras, suculentas e palmeirinhas poderiam estar em qualquer outro canto da casa.

É uma sugestão para inspirar. O ideal é ter essas prateleiras na sala, na lavanderia, na cozinha ou na varanda.

Vi no Blog Cheiro de Mato e a imagem é do Blog A Mad Tea Party With Alis.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Interessante, não?!?_Uma sexta-feira azul

Arquiteturismo
por Felipe Arruda e Laura Gorski


Ensaio "Portas de Chefchouen"
Fotos Felipe Arruda








clique aqui para ver as imagens de TODAS as portas

Chefchouen, vista geral
Foto Felipe Arruda

Envolvidos pelo calor escaldante do Marrocos, tivemos o prazer de conhecer esse vilarejo tranquilo e ameno chamado Chefchouen, que fica ao norte do país. Essa pequena cidade foi construída em 1471 pelos mouros exilados da Espanha, originalmente como uma fortaleza para conter as invasões portuguesas do norte do Marrocos.
Chefchouen, vista geral
Foto Felipe Arruda

Depois de experimentar o vigésimo e delicioso tagine com couscouz marroquino da nossa viagem, saímos para caminhar interessados em descobrir com pés, mãos e olhos as singularidades deste lugar que, do chão ao céu, é absolutamente azul.
Chefchouen, ruelas
Fotos Felipe Arruda

Era uma sexta-feira. Fato que, aparentemente irrelevante, acabou dando contornos especialíssimos ao nosso passeio. Pois, às sextas-feiras, a população se recolhe em virtude das rezas muçulmanas e, assim, as portas das lojas, casas de serviço – e também das residências – estavam fechadas, oferecendo um cenário pacato e algo misterioso à nossa caminhada.

Chefchouen, ruelas
Fotos Felipe Arruda

Passeamos silenciosamente pelas ruelas labirínticas e azuis que guardavam casas azuis, de paredes azuis, de portas azuis, de chão e sombras azuis, embaixo de um lindo e vasto céu azul daquele dia.
Chefchouen, ruelas
Fotos Felipe Arruda

As portas, em especial, nos chamaram a atenção. Eram portas íntegras, descascadas, escondidas, exibidas, de madeira maciça, de ferro amassado, com olhos desenhados, com cadeados pendurados, de fechaduras douradas, de gatos caídos às soleiras, de batentes falecidos, ranhuras cromáticas, portas com detalhes intrometidos e outros muito tímidos, portas que lembravam a da nossa casa e, algumas, que nos faziam sentir a distância de casa.
Chefchouen, ruelas
Fotos Felipe Arruda

Fotografamos.

Com o interesse não só pelo que elas exibiam, mas com uma inquieta tentativa de adivinhação pelo que elas guardavam.

Uma realidade tão mais instigante por ser inacessível.

Chefchouen, venda de pigmentos
Foto Felipe Arruda

sobre os autores

Felipe Arruda é formado em comunicação social pela ESPM. É gestor cultural e escritor. Dirige a Faina Moz,atendendo empresas, instituições, produtores e artistas na concepção, planejamento, e gestão de empreendimentos culturais. Como escritor, tem contos publicados em antologias e revistas, entre eles dois premiados: pela CEPE – Companhia Editora de Pernambuco e pela revista Piauí Participa do selo literário Edith e escreve no blog http://felipearruda.blogspot.com/.

Laura Gorski é artista plástica, ilustradora e educadora. Como artista, participou de diversas exposições coletivas e ilustrou os livros Histórias de (in)tolerância, de Guila Azevedo e A noiva do condutor, opereta de Noel Rosa. Como educadora, trabalha há nove anos na ONG Comunidade Educativa Cedac. Foi assistente de coordenação da Ação Educativa do Instituto Tomie Ohtake, onde ministra aulas no Núcleo de Formação para Professores. Em 2010 trabalhou na coordenação dos ateliês do Projeto Educativo da 29ª Bienal de São Paulo. http://lauragorski.blogspot.com/

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Pense Nisso...Os novos índios

por Jomar Morais

No coração da selva do Xingu, o conflito de gerações altera costumes, põe em xeque a estrutura tribal e enche de incertezas o futuro da cultura indígena



JM na aldeia iaualapiti

Quando a porta do bimotor Navajo foi aberta, uma pequena multidão cercou o avião e, do meio do grupo, uma voz inquiriu o primeiro passageiro a descer: – Trouxe mini-pizza? Trouxe chocolate? – perguntou o índio Cocoró, da tribo dos iaualapitis. É sempre assim toda vez que um avião trazendo gente da cidade pousa em alguma pista de terra batida do Parque Indígena do Xingu, uma área de 28 mil quilômetros quadrados, do tamanho da Bélgica, situada no norte do Mato Grosso. Dessa vez, no entanto, não havia pizza nem doces a distribuir.– Trouxe óculos – respondeu o oftalmologista Rubens Belfort Júnior, diretor do Instituto da Visão da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), que realiza ações preventivas e terapêuticas no parque.Acostumado a freqüentar a área desde a década de 60, Rubens chegou acompanhado por um grupo de oftalmologistas, empresários e representantes de instituições brasileiras e americanas que apóiam as iniciativas do Instituto, e logo deu início ao trabalho. Sob o calor de quase 40 graus, os médicos avaliavam a acuidade visual dos nativos, servindo-se de instrumental simples como lupas e cartões de leitura, enquanto o empresário Álvaro Ferrioli, do Centro Ótico Miguel Giannini, de São Paulo, esvaziava uma mala repleta de óculos corretivos para a alegria de índios com dificuldade para enxergar pequenos objetos, trabalhar com artesanato e, sobretudo, acertar tucunarés e robalos com flechadas certeiras durante as pescarias, principal fonte de proteínas nas aldeias.



Ayumã, Canawayuri e Matariná: parabólica e rap




A equipe permaneceu na selva por dois dias e, mais do que complicações visuais, constatou sinais de uma agitada transição na cultura indígena, talvez a mais profunda de que se tem notícia desde que os índios brasileiros foram abordados pelos portugueses no século 16. Aliás, uma mudança que abala os próprios fundamentos conservacionistas do Parque do Xingu, idéia de antigos sertanistas liderados pelos irmãos Orlando, Cláudio e Leonardo Villas-Boas, concretizada em 1961 pelo presidente Jânio Quadros.

O Xingu já foi palco de combates sangrentos contra invasores que tentavam (e ainda tentam) ampliar sobre o quadrilátero de mata cerrada da reserva a devastação realizada por madeireiras, mineradoras e fazendas de soja e gado no seu entorno. Aqui também, vez ou outra, agentes da Fundação Nacional do Índio (Funai) enfrentam apuros quando índigenas decidem reagir com truculência ao que supõem ser um desrespeito aos seus direitos. Nos últimos tempos, porém, a maior preocupação de caciques e pajés não é mais a ambição do homem branco ou o descaso do governo, mas uma questão doméstica que está alterando radicalmente o panorama xinguano: a nova geração de índios, alfabetizada e razoavelmente informada, que sonha com uma vida diferente da de seus ancestrais.

Kuarup X rock

O caráter explosivo dessa questão foi testemunhado pela Super, no segundo dia da missão médica, por ocasião de um encontro de líderes de 14 etnias indígenas. A reunião, convocada por Douglas Rodrigues, médico sanitarista que coordena os serviços de saúde prestados pela Unifesp há quase 40 anos e mora na reserva, tinha por objetivo discutir assuntos como a melhoria dos serviços e a escassez de verbas, mas a agenda acabou sendo descartada no calor das emoções e das diferenças entre caciques, pajés e os jovens índios. No auge do bate-boca, o cacique Ayupu, dos camaiurás, acusou os garotos que hoje exercem funções nos serviços de saúde e educação do parque, se vestem com roupas de grife e curtem rock e reggae. “Eles dizem na nossa cara que não sabemos nada, não mandamos nada”, afirmou o cacique. Foi rebatido por Pablo Ayumã, camaiurá que atua como auxiliar de enfermagem e é um dos líderes da força jovem do Xingu, com uma crítica mordaz ao estilo das lideranças. “Nossos pais precisam aprender a nos respeitar e a usar melhor os recursos da comunidade”, disse Ayumã, causando tumulto na platéia. Muitos desses novos índios viraram funcionários do governo, formando uma casta de assalariados com ambições de consumo que agora ensaiam os primeiros passos na direção do poder tribal. E é justo aí, nesse ponto nevrálgico, que o conflito de gerações extrapola a intimidade das malocas.

Nem era preciso que adultos e jovens mergulhassem em discussão para que se pudesse perceber as divergências entre eles. Bastava olhar para aqueles homens, reunidos na beira do rio, sob um galpão sem paredes. Caciques e pajés compareceram seminus e descalços. Pelo menos um deles, o velho pajé Tacumã, marcaria posição apresentando-se em traje de gala indígena: nu, com o corpo tingido pelo vermelho do urucum e a cintura ornamentada com o kuarrap, um cinto de palhas coloridas. Contrastando com o naturalismo da cena, garotões como Pablo Ayumã, Marcelo Canawayuri e Maurício Matariná (eles fazem questão de seus prenomes brancos), exibiam-se em seus vistosos tênis, calças jeans e camisetas de marca. No brilho de seus olhos, vislumbrava-se um mundo ainda estranho e incompreensível para seus pais.

Segundo o cacique Aritana, dos iaualapitis, cuja saga na cidade grande inspirou a novela Aritana, que passou em 1978 na TV Tupi, todo esse descompasso é conseqüência da educação baseada em valores da civilização branca a que os meninos do Xingu foram submetidos. Tatap, o índio que traduz Tacumã, é ainda mais amargo: “Por causa disso, nossos jovens não querem mais pintar o corpo para festas como o Kuarup (a grande evocação dos antepassados). Dizem que preferem coisas limpas e muitos sonham em viver na cidade”. É como se, de repente, um movimento hippie ao avesso tivesse emergido no meio da floresta. Rituais como a reclusão pubertária das meninas e o pedido de permissão para casamento estão sendo atropelados por adolescentes índios com um ímpeto comparável aos dos jovens que nos anos 60 fizeram a revolução dos costumes na sociedade dos brancos. Em tribos com mais de 300 índios, segundo Tatap, a tradicional reunião de fim de tarde no centro da aldeia – um momento cerimonial que, ao longo de séculos, serviu para os mais velhos relatarem feitos heróicos e repassarem ensinamentos à juventude – agora não consegue atrair mais que 10 jovens.

O problema afeta não apenas a organização e o comando das tribos do Xingu, mas a própria sobrevivência de nações ameaçadas de extinção. Somando todas as etnias, estão instalados na reserva somente 4 175 índios. Algumas nações, como a dos trumáis, não têm mais que 90 membros, o que coloca em risco de extinção a língua, os hábitos e as crenças ancestrais do grupo. Mas, para os jovens, não há motivo para celeuma.




Na aldeia ykpeng





Não é verdade que desprezamos nossa cultura”, diz o ousado Canawayuri, auxiliar de enfermagem com pinta de rapper que adora o som do Jota Quest e dos Raimundos e cujo sonho de consumo é uma câmera digital. “É possível desfrutar das coisas modernas sem esquecer a tradição. Além disso, o que importa é saber usar a tecnologia para melhorar a vida na aldeia”, afirma. No plano político, o que garotos como Ayumã e Canawayuri desejam não difere em essência dos objetivos de outros milhões de jovens das cidades. Eles clamam por renovação de nomes, novas idéias e métodos mais transparentes na gestão de suas sociedades.

O choque de gerações é certamente o aspecto mais visível de um processo acelerado de mudanças impulsionado por dois fatores não mencionados na guerra verbal dos índios: a chegada da TV ao território das malocas e a multiplicação de cidades junto às fronteiras da reserva indígena. Em cada um dos postos de serviço do Xingu – Leonardo (onde meu avião pousou), Pavuru e Diauarum –, há um gerador elétrico, uma antena parabólica e pelo menos cinco televisores. Os aparelhos permanecem desligados durante o dia, devido ao racionamento de energia, mas à noite atraem principalmente uma platéia de jovens ávida para saber o que se passa no resto do mundo e curiosa ante o modo de viver dos “civilizados”, exposto em filmes e novelas. Quando vão às cidades vizinhas para comprar mantimentos, varando rios em barcos motorizados, muitos desses índios acabam cedendo ao impulso de provar bebidas, freqüentar boates e levar para a aldeia produtos que substituem hábitos do passado.

O contato com as cidades próximas trouxe para as aldeias o alcoolismo, a disseminação da gripe e até moléstias sexualmente transmissíveis”, diz o sanitarista Douglas. “A mudança no padrão alimentar gerou desnutrição e um leque de novas doenças”. Os brancos introduziram na selva o sal marinho (os índios usavam sal vegetal, extraído de raízes) e, com ele, a hipertensão. O açúcar e o macarrão, agora consumidos em larga escala nas aldeias, ajudaram a espalhar o diabetes. O tradicional beiju de mandioca, alimento básico junto com peixes e caças, progressivamente vai cedendo lugar ao arroz, bem menos nutritivo, o que dificulta o combate à tuberculose, doença cuja incidência é 50 vezes maior entre os índios que entre os demais brasileiros.

Isso é tudo o que Orlando Villas-Boas – o sertanista morto há um ano que é venerado em todo o Xingu – não queria. Orlando acreditava que os povos indígenas só sobreviveriam na sua própria cultura. Assim, caberia ao Estado organizar espaços como o Parque do Xingu, que servissem de proteção à estrutura social desses povos. Graças à habilidade dos irmãos Villas-Boas e à sabedoria das lideranças indígenas, foi possível, naquela época, costurar o entendimento entre diferentes etnias e retirá-las da rota de extermínio, reunindo-as no território seguro do parque. Nos últimos anos, a segurança aparente começou a ruir, com a explosão dos valores brancos no interior das ocas.

A situação atual era inevitável. O mundo mudou e não há mais como manter os índios numa redoma”, diz a médica sanitarista Sofia Mendonça, da Unifesp, que atua no Parque do Xingu há mais de 20 anos. “A história está acontecendo e eles fazem parte dela”. Muita gente concorda com Sofia, inclusive a Funai, executora da política indigenista do governo. Como qualquer sociedade humana, as dos índios passam por constantes mudanças e reelaboram a sua cultura com o passar do tempo, haja ou não contato com os civilizados. A questão é que o choque com a cultura dos brancos em situação desvantajosa, num ambiente de dominação política, econômica e religiosa, dizimou nações indígenas e deixou as sobreviventes em grande fragilidade. Estima-se que na época do descobrimento houvesse 10 milhões de índios no país. De lá para cá, enquanto a população branca aumentou do zero até os 170 milhões atuais, as centenas de etnias de índios tiveram seus números reduzidos a menos de 358 mil almas.

O foco agora é preparar os grupos que vivem no Xingu para um confronto cultural com os brancos em circunstâncias ainda mais complexas. As vilas fronteiriças logo se transformarão em cidades de porte médio, com atrativos bem maiores aos vizinhos índios. Como evitar que os índios não almejem adquirir eletrodomésticos e roupas de grifes, depois de se exporem à publicidade desses produtos, ou que comparem a aridez das aldeias ao conforto dos bairros elegantes das cidades?

Por enquanto, o ponto que une antigas e novas lideranças é a formação de professores índios que, além das disciplinas curriculares, possam ensinar nas escolas a língua e as tradições de seus povos. Pomenkepô, um ykpeng de 22 anos, por exemplo, tomou para si essa tarefa no posto Pavuru. Jovens de outras tribos aceitaram desafios semelhantes. Os brancos também acham que chegou a hora de os índios assumirem o comando total dos serviços de educação, saúde... enfim, de toda a infra-estrutura da reserva. No Distrito Sanitário, administrado pela Unifesp, já 60% dos 98 funcionários são índios e a previsão é chegar a 100% em cinco anos, com a implantação do curso de formação de gestores.

A transferência de obrigações, que exige dos índios competência administrativa e a habilidade de dialogar de igual para igual com os brancos, entusiasma os jovens escolarizados, mas, de certo modo, deixa perplexa toda uma geração de grandes líderes que cresceu habituada à tutela total do Estado, assegurada pela Constituição. O consenso entre essas duas bandas dos povos da selva ainda pode demorar, mas é inevitável que eles venham a assumir o controle total de seus interesses no mundo complexo e globalizado. Um desafio desse porte o índio brasileiro jamais conheceu antes.

Trajetória descendente

Os índios das Américas descendem de povos originários da Ásia e chegaram ao continente há cerca de 12 000 anos.

Estima-se que havia 10 milhões de índios no Brasil na época do descobrimento. Eles utilizariam cerca de 1 300 línguas e dialetos.

Existem hoje cerca de 358 000 índios no Brasil (0,2% da população do país), distribuídos em 215 sociedades. Estima-se que há mais de 100 000 índios fora de suas comunidades, aculturados, e pouco mais de 50 grupos ainda não contatados.

Muitas nações indígenas desapareceram vitimadas por doenças como gripe, sarampo, coqueluche, tuberculose e varíola, contraídas pela aproximação do branco. Os índios não possuíam anticorpos contra vírus e bactérias causadores desses males.

PARA SABER MAIS:

Na livraria: Xingu – Os índios e seus mitos, Orlando Villas-Boas e Cláudio Villas-Boas, Kuarup, 1990

Na Internet: www.funai.gov.br

Vi na Humauniversidade

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Feng Shui_Flores


Ative os Guás com Flores, neste inverno.







terça-feira, 21 de junho de 2011

Dicas Práticas_Como mudar para melhor?

por Daniel Francisco de Assis


Muitas vezes nos perguntamos, como mudar nossa dieta para melhor se cada dia escuto uma coisa diferente sobre dietas?

Talvez este seja um dos motivos de que os gurus da alimentação viva não gostam de chamar esta linha de alimentação como dieta.

Pois infelizmente este nome está associado a muitas coisas que não tem nada a ver com a dieta viva. Veja quais são as principais diferenças entre dieta e filosofia alimentar:

Requisito consicência:

Na Dieta os seguidores não tem muita consciência do que estão comendo, alguém disse que deveria comer isso então a pessoa que está seguindo a dieta come, mas não se faz perguntas básicas como:

a) Eu gosto disso?

b) Sinto vontade de comer?

c) Meu corpo me pede este tipo de alimento?

d) Como saber a diferença entre o que preciso e o que meu corpo me faz comer, mesmo sabendo que não me faz bem?

Na alimentação viva não existe estas dúvidas pois não seguimos o que as pessoas, dizem para seguir, seguimos nossos instintos. Comemos o que nosso corpo pede para comer, quando comer, quanto comer.

Mas como saber diferenciar o que é realmente carência nutricional de safadeza?

Sei que é muito complicado saber esta diferença, pois quando estamos intoxicados queremos comer apenas o que dá prazer, apenas o que satifaz no momento.

A minha principal dica seria ignorar o corpo por um tempo determinao 3 dias por exemplo, limpar o organismos destas toxinas e somente depois fazer a pergunta.

Meu corpo me pede para comer isso de verdade?

Por isso existem os programas de desintoxicação, retiros, SPAs, centro de detox, para justamente nos ajudar a limpar nosso corpo, para que sejamos capazes de escutar nosso organismo.

Proponha-se a passar 3 dias a base de sucos, para que você sinta na pele o quanto está intoxicado, o quanto é viciado em alguns tipos de comidas, sendo assim, depois destes 3 dias, você vai perceber que é capaz sim de ficar sem comer algo que achava que nunca seria capaz de largar.

Sentir falta de pão, sal ou açúcar não tem nada a ver com carência nutricional é vício mesmo.

Mais informações em: www.spaecologico.com.br

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Interessante, não?!?_Cabideiro com restos de madeira

Como sempre, encontro ótimas postagens no Blog do Rodrigo Barba, destas que a gente tem alegria em postar!

Um passeio em um parque pode render mais do que se espera. Juntando alguns galhos do chão você até pode fazer um cabideiro super ecológico para colocar na entrada de casa.

A criação é do estúdio de design canadense Cantilever and Press que vende este cabideiro por US$250,00.



quinta-feira, 16 de junho de 2011

Pense Nisso...Tabuleiro do Embaubal e os quelônios da Amazônia

WWFBrasil

Um conjunto de praias localizadas no rio Xingu, no Pará, é o cenário deste documentário realizado pela organização não governamental WWF-Brasil.

O vídeo "Tabuleiro do Embaubal e os quelônios da Amazônia" mostra o local onde as tartarugas da Amazônia depositam seus ovos e garantem a continuação desta que é uma das 17 espécies de quelônios da região. As mudanças climáticas, o movimento das águas do rio Xingu, a pesca predatória e a falta de proteção da área tornam a região vulnerável.

O objetivo deste documentário é mostrar essa fragilidade e sensibilizar sobre a importância de proteger a beleza e a riqueza da biodiversidade brasileira: