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segunda-feira, 1 de março de 2010

Adoção de ambiente recreativo no trabalho

Cultura e custos limitam iniciativas para o bem estar de funcionários

A dificuldade das empresas em medir o retorno dos investimentos em iniciativas de recreação e relaxamento para os funcionários é um dos principais entraves à adoção de políticas voltadas ao bem estar. A afirmação é de Lilian Graziano, professora de gestão de negócios da Trevisan Escola de Negócios. "Os custos aparecem no balanço, mas os ganhos são intangíveis. Por causa dessa visão um tanto tacanha, esse tipo de iniciativa é pouco adotada", explica ao afirmar que esse é um dos maiores equívocos que um gestor pode cometer.

Isso porque, segundo ela, a adoção de práticas visando a distração e a convivências das pessoas é benéfica para a empresa. "Reverte em produtividade, em diferencial competitivo, em potencial de atração e retenção de talentos", exemplifica Lilian. A opinião de Maria Roberta Cavalcanti, professora do Ibmec do Rio de Janeiro, é semelhante. "O retorno que recebo de iniciativas desse tipo indica que as pessoas estão satisfeitas e mais felizes, o que gera retorno positivo no trabalho", acredita Maria.

O problema, diz Lilian, está na falta de entendimento dos instrumentos de gestão. "Há conhecimento sobre os benefícios, mas os gestores se preocupam mais em controlar os cinco minutos que o funcionário chegou mais tarde. Não adianta mudarem as tecnologias se a mentalidade não acompanhar. Gestão é mais do que isso", lamenta.

Em contrapartida, Maria credita a ausência de iniciativas à falta de perspectivas dos empresários. "Acho que não adotam devido ao custo e à cultura executiva, que não consegue ver claramente os resultados que isso pode trazer", analisa.

Como exemplo de implantação mal sucedida, Lilian cita o caso de uma empresa para a qual prestou consultoria que obrigava os empregados a, em determinado momento do dia, fazer uso dos equipamentos recreativos instalados. "Não adianta ter os recursos de ponta se a mentalidade é de feitor, não de gestor", diz. Para ela, a medição dos resultados depende de um sistema de avaliação eficiente. "É possível mensurar não só a partir do aumento da produtividade, mas também com a diminuição da rotatividade de funcionários", atesta a professora da Trevisan.

Projeto de recreação

As iniciativas de lazer dentro exigem mais do que um ambiente recreativo, aponta Maria. Segundo ela, também há dificuldade em definir o tipo de programa adequado à empresa e aos funcionários. "Não é só instalar a sala. Tem que ser parte de um projeto de bem estar com pessoas capacitadas a levá-lo adiante. Ou então ninguém saberá como utilizar", acredita ela.

Os investimentos podem ser feitos, diz Maria, em jogos, programa de nutrição, espaço para palestras, alongamento, relaxamento. "Há uma gama de possibilidades que podem ser desenvolvidas. E não obrigatoriamente num espaço físico dentro da empresa, mas por meio de parcerias", afirma.

Em paralelo, é necessário trabalhar a conscientização dentro dos funcionários, o que pode ser feito, acredita Maria, com palestras que informem o porquê desse tipo de serviço e os resultados almejados. "Os funcionários precisam ter educação para usar esse tipo de serviço, para não virar bagunça. Senão pode parecer que as pessoas estão fugindo do trabalho", alerta.

Agência aposta em convivência para melhorar trabalho

Na agência de soluções digitais Gonow há um espaço com TV a cabo, videogame Wii, revistas, copa com café, biscoito, doces, salgados, geladeira com suco, água, refrigerante, além da chamada sala de descompressão para que as pessoas conversem.

Tudo isso serve, segundo o diretor da Gonow, Fabio Baptista, para que as pessoas se descontraiam e convivam melhor - sem ser apenas por meio do computador - e para tornar a empresa um local mais agradável. "No trabalho as pessoas ficam pressionadas, têm prazos apertados para desenvolver soluções, o que exige muita concentração e estudo e gera um desgaste mental muito grande. Por isso precisamos desse ambiente para relaxar", conta.

As iniciativas existem desde março de 2007, quando a empresa mudou para o escritório atual. Com cerca de 70 funcionários, Baptista diz não ter controle sobre custos ou satisfação das pessoas, mas que acredita que as iniciativas são diferenciais que contribuem para retenção de pessoal e melhoria do ambiente. "Tem custo, mas não sei dizer quanto é porque não vemos por esse parâmetro. Nossa preocupação é melhorar a convivência, diminuir o estresse e facilitar a criação. Às vezes você está focado num problema. Daí sai da mesa, conversa com alguém, volta e consegue resolver", pontua.

Além do ambiente recreativo, os colaboradores podem dedicar 10% do tempo em que estão no trabalho para o desenvolvimento de projetos pessoais, incluindo o estudo de idiomas. O controle desse tempo, assim como do uso dos benefícios oferecidos, é do próprio funcionário. E, segundo Baptista, predomina o bom senso, pois nunca enfrentou problemas relacionados a abuso. "Temos um ambiente de tecnologia da informação, as pessoas sabem que os departamentos têm que estar integrados para funcionar. Agora, por exemplo, a TV está desligada e o pessoal todo está trabalhando", afirma.

Publicado em 09/12/2009 por Bruno Loturco
Fonte: Site Universia

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