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sexta-feira, 23 de julho de 2010

Interessante não?!?_Banheiro Seco!

por Giuliana Capello
27/11/2007

Giuliana Capello é jornalista ambiental e permacultora pelo Instituto de Permacultura e Ecovilas da Mata Atlântica. É colaboradora das revistas Arquitetura & Construção, CASA CLAUDIA e BONS FLUIDOS. Formada em design de comunidades sustentáveis (Global Ecovillage Educators for a Sustainable Earth), faz parte da Ecovila Clareando, onde está construindo sua futura morada. Neste blog, conta histórias e experiências que mostram que é possível ter uma vida mais simples - e nem por isso menos gostosa e divertida.


"Essa é a frase que mais ouço quando comento com alguém que a minha próxima casa, em construção numa ecovila, terá banheiro seco. Já preparada para ter que explicar do que se trata e, mais do que isso, mostrar que não tem nada de nojento ou primitivo, lá vou eu contar um pouco sobre essa tecnologia tão simples, eficiente e sustentável. E, de tanto falar do assunto, decidi compartilhar com você também...

O banheiro seco ou compostável foi criado para promover o uso racional da água e, ao mesmo tempo, aproveitar os resíduos sólidos como adubo orgânico, evitando a contaminação do meio ambiente.

Existem vários “modelos” de banheiro seco, uns mais simples, outros mais complexos. Gosto muito do sanitário compostável desenvolvido pelo Instituto de Permacultura e Ecovilas do Cerrado (IPEC), em Pirenópolis, GO, batizado de “Húmus Sapiens” (na foto, com o esquema).

Nesse sistema, em vez de encanamentos hidráulicos para levar os dejetos para bem longe (e com um consumo considerável de água), temos duas câmaras de compostagem que armazenam os resíduos até que eles se transformem em composto. Daí, é retirado e levado para o minhocário, onde vira húmus, ou seja, um adubo orgânico de alta qualidade para ser usado na agricultura.

E por que duas câmaras? Porque enquanto em uma os resíduos estão em processo de compostagem, a outra está em operação. Isso quer dizer, é claro, que o banheiro tem também dois vasos sanitários que funcionam em períodos diferentes do ano.

Mas esse negócio não cheira mal? Se for bem construído e utilizado como manda o “manual”, não. Eu já “visitei” alguns deles e posso afirmar pra você que a coisa funciona mesmo.

Alguns cuidados, porém, devem ser tomados. Após o uso, ao invés de apertar a descarga (que não existe no banheiro seco), é necessário jogar um pouco de serragem dentro do vaso, para facilitar a compostagem e evitar mal cheiro. Todo banheiro seco tem também um duto de saída do ar das câmaras, que também espanta os odores.

E para tornar a compostagem mais eficiente, o legal é que as câmaras sejam pintadas de preto e fiquem posicionadas para o Norte, direção que recebe mais calor do sol e, portanto, acelera o processo, tornando-o mais eficiente.

Além de economizar água, a tecnologia é louvável por fechar um ciclo natural. Lembra da frase que diz que na natureza nada se perde, tudo se transforma? Então! Para quê jogar fora os resíduos, ter custos altos com o tratamento do esgoto, se podemos simplesmente transformá-los em adubo para a horta, o jardim, a lavoura??

Para quem acha primitivo, um retrocesso ou algo assim, vale a triste lembrança: com mais de um bilhão de pessoas sofrendo com a falta de água em todo o mundo, e uma população ainda muito maior que não tem saneamento básico, taí uma idéia que pode prevenir doenças, evitar a contaminação do solo e de rios e até virar fonte de renda para muita gente (com a venda do adubo orgânico).

Primitivo para mim, hoje, é gastar em uma só descarga mais água do que muitas pessoas conseguem consumir em todo o dia".

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