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segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Escritório, doce escritório_4/5

Mais importante do que ter um local de trabalho bem decorado é fundamental ter um lugar com a “cara” da pessoa que o ocupa - Autonomia para organizar e personalizar seu próprio espaço torna profissionais mais felizes, saudáveis e produtivos

por S. Alexander Haslam e Craig Knight


Recentemente fizemos dois experimentos para estudar o efeito do ambiente de escritório sobre a produtividade. Conduzimos um estudo em um laboratório de psicologia e outro com trabalhadores em um escritório comercial de Londres. Nas duas experiências pedimos aos participantes que fizessem uma hora de trabalho com tarefas rotineiras (verificando documentos e criando memorandos, por exemplo) em um dos quatro tipos de espaço de trabalho (veja imagens abaixo - clique para ampliar).

O escritório “básico” era um espaço com aparência limpa, que continha apenas os objetos necessários como uma mesa e uma cadeira giratória, além de lápis e papel. O ambiente “incrementado” tinha esses suprimentos básicos, mas foi decorado com plantas e peças de arte, como pinturas grandes e coloridas. No escritório “particular”, os voluntários receberam as mesmas plantas e obras de arte que estavam no escritório incrementado, mas tiveram a liberdade de arrumá-las do modo como quisessem ou mesmo de não usá-las. Finalmente, no espaço “retomado”, os participantes tiveram a oportunidade de decorá-lo, porém, ao terminarem, o pesquisador o redecorou para que ficasse igual ao “incrementado”.


Do seu jeito é melhor

Para investigar como a aparência de uma sala influencia o trabalho, o pesquisador pediu a voluntários que executassem tarefas em quatro locais. O escritório “básico” continha apenas os equipamentos essenciais. O “incrementado” foi decorado com plantas e arte. No “particular”, as pessoas tiveram liberdade para arrumar plantas e quadros como quisessem. No espaço “retomado”, o pesquisador desfez os toques pessoais. Os funcionários do ambiente “particular” foram os mais satisfeitos e produtivos.

Este último cenário pode aparentemente não ter relevância na vida real, mas, na verdade, é surpreendente como esse tipo de interferência se torna um incômodo. Recentemente, entrevistamos um gerente de tecnologia da informação (TI) em um banco importante de Sydney, Austrália, cujo projeto e decoração tinham sido mudados 36 vezes nos últimos quatro anos. “Eu me sinto como um peão no tabuleiro de xadrez, e todos ao meu redor pensam o mesmo. É uma das principais coisas sobre as quais conversamos no escritório: o que vão inventar da próxima vez. Essa situação não é nada divertida, aliás, é bem estressante”, declarou.

Nossos estudos, publicados em junho na
Journal of Experimental Psychology: Applied, mostram que a produtividade do trabalhador aumenta quando sua autonomia é valorizada. As pessoas em um escritório incrementado trabalharam 15% mais rapidamente e com menos erros em comparação àquelas que estavam no escritório básico e reportaram menos queixas relacionadas à saúde. “As pinturas e as plantas realmente alegraram o local” foi uma observação típica em relação ao escritório incrementado. Um participante avaliou, referindo-se ao escritório básico: “Parecia um cenário, sem nada fora do lugar; não dava para relaxar num lugar daqueles”. A produtividade e o bem-estar aumentaram ainda mais – cerca de 30% – no ambiente customizado pelos participantes. “Foi demais; adorei. Que escritório maravilhoso”, disse um dos voluntários. No entanto, quando as escolhas pessoais foram ignoradas, seu desempenho e bem-estar caíram para os mesmos níveis demonstrados no escritório básico. “Eu me senti sabotado”, declarou um dos empregados do escritório “retomado”. “Gastei um tempão arrumando a sala para nada... Sinceramente? Tive vontade de bater em quem mexeu no ‘meu espaço’ ”, afirmou outro funcionário.

Fonte: Revista Mente&Cérebro
edição 214 - Novembro 2010

Haslam é professor de psicologia social da Universidade de Exeter, na Inglaterra. Knight é pesquisador, pós-doutorando em psicologia e diretor do Center for Pychological Research into Identity and Space Management, em Exeter.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Interessante, não?!?_Poltrona de papelão para crianças

A poltrona para crianças Rip + Tatter criada pelo designer americano Peter Oyler é praticamente esculpida, pois é feita a partir de marretadas em um bloco de papelão100% reciclável que dá uma materialidade única para cada objeto.



quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Feng Shui para perder peso

Perder peso com o Feng Shui é muito simples, e para consegui-lo você terá que seguir apenas alguns conselhos, e com isso poderá dizer tchau para aqueles quilinhos a mais. Além disso, você irá melhorar seu estado emocional.

Para começar, preste atenção nos pratos nos quais você come, já que os pratos quadrados, mesmo estando na moda, fazem com que a gente tenha ideias fixas, quadradas. Já os pratos redondos favorecem a curiosidade e a liberdade.

Também é muito bom pensar na cor do lugar onde você come. Se você estiver comendo numa sala com paredes pintadas de cores brilhantes e estimulantes, como o vermelho e o laranja, só o deixará com mais apetite. Opte por comer em salas com cores suaves, como o amerelo claro ou verde que é a cor da saúde.

A outra dica é comer em lugares tranquilos, deste jeito terá seus sentidos mais abertos e sentirá melhor o sabor das comidas, com isso você irá comer menos.


Devemos mastigar bem os alimentos, pelo menos 32 vezes para vegetarianos e acreditem 80 vezes para onívoros. A dica é, para cada garfada, devolva o garfo no prato e tire as mãos da mesa, coloque-as no colo, sinta o sabor e a textura dos alimentos. Procure não ingerir líquidos com a refeição, se salivamos bem os alimentos, não precisamos ingerir líquidos que diluem o suco gástrico e as enzimas, prejudicando a digestão.

Outro fato importante, é não falar durante a refeição, pois ao conversar, engolimos ar junto com a comida. A regra é: AliMeditação.

O termo AliMeditação, é de Conceição Trucon, do site Doce Limão, e ela diz que a prática da mastigação adequada, necessitamos de autocontrole, de nos acalmarmos alguns instantes e exercitarmos a paciência e o auto amor. Praticar uma atitude de tranquilidade. Nos primeiros dias será difícil, mas com o tempo o hábito será desenvolvido de forma a tornar-se espontâneo. A cada refeição ou lanche, procurar mastigar com calma, saboreando, até transformar o sólido em líquido, só engolindo quando não sobrar qualquer partícula de alimento. Vale mais a pena uma refeição pequena, mas bem mastigada; do que engolir da forma que estamos habituados, quando boa parte do alimento não é aproveitada, além de favorecer fermentações, que produzem toxinas e gases. Escolha um horário em que tenha mais tempo, alimente-se com calma, celebrando o momento. Mastigar também é um exercício de meditação, autocontrole e concentração, que por sua vez reduz ansiedades. Mastigar é uma simples atenção que pode modificar totalmente o rumo dos hábitos alimentares.


E, isso é muito importante, preste atenção, se você usa como entrada principal de sua casa, a porta da cozinha. Se você o fizer, certamente irá gastar muito com alimentação, e mais ainda, com certeza, terá uns quilinhos a mais. Dica: tranque-a com 15 cadeados e utilize a principal, que deveria ser a da sala.


Acompanhe: mais dicas sobre alimentação, a AliMeditação no dia 01/02/2011.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Dicas Práticas_ Propriedades do óleo de gergelim


O óleo de gergelim contém muitas propriedades que anos atrás, é usada como alimento e cosmético na medicina ayurvédica. Uma das muitas propriedades do óleo de gergelim é a facilitação de curtimento e nutrição do sistema nervoso.

Para extrair o óleo de gergelim tem que processar as sementes de gergelim frio, e se comprar compramos preparou-primas como esta é o óleo de gergelim contém todas as propriedades intactas.

As propriedades do óleo de gergelim são muitas, entre eles vale a pena mencionar que o uso revitaliza a pele e é muito bom no tratamento de flacidez. Quando usado como uma máscara para cabelos secos atos contra esta e remover as crostas deixou no couro cabeludo.

No verão é utilizado como um filtro solar para a radiação UVB, mas tan outros e ajuda a hidratar a pele naturalmente. E no inverno, quando massageia os pés um par de minutos com algumas gotas de óleo de gergelim vai ver como conseguiram mantê-lo durante todo o dia quente.

Na medicina Ayurvédica o óleo de gergelim usado para aquecer e nutrir o corpo, bem como acalmar o sistema nervoso. É também utilizado como óleo de massagem para seus benefícios.

É tão bom para a pele que é usada nas fendas das mãos e dos pés para curar. Ele também é usado no caso de você ter reumatismo. E diz que seu uso se estende a juventude. Também fortalece o sistema nervoso, reduz o colesterol, promove o pensamento e edificante memória na depressão.

Fonte: outramedicina.com

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Escritório, doce escritório_3/5

Mais importante do que ter um local de trabalho bem decorado é fundamental ter um lugar com a “cara” da pessoa que o ocupa - Autonomia para organizar e personalizar seu próprio espaço torna profissionais mais felizes, saudáveis e produtivos

por S. Alexander Haslam e Craig Knight

A proliferação de novos empreendimentos de mídia digital nos anos 1990, tentando atrair trabalhadores especializados, popularizou uma opção ao sistema de escritório aberto. Junto com as máquinas de café chegaram aos ambientes de trabalho elementos visuais vistosos, tanques com peixes tropicais e chamativas obras de arte. A ideia era fazer os profissionais se sentirem valorizados, ganhar a sua lealdade e incentivá-los a cumprir horas extras. Em Mountain View, Califórnia, no “campus” do Google (essa palavra já indica o distanciamento da dinâmica tradicional de um local de trabalho) e também em empresas de jogos virtuais e agências interativas de propaganda os funcionários têm liberdade para encher seus escritórios com peças vintage, bonequinhas Hello Kitty, objetos feitos com Lego ou qualquer coisa bonita, engraçada ou significativa. Os empregados chegam a competir para ver quem consegue criar o espaço mais atraente.



Supõe-se que os escritórios incrementados aumentem o bem-estar e a produtividade dos empregados mas nem sempre provoquem mudanças positivas profundas. Em 2009, cientistas da Universidade de Amsterdã substituíram os escritórios tradicionais por espaços projetados para funções específicas (uma cabine para tarefas que demandassem concentração e “uma sala de estar” para a interação social entre colegas). Apesar desses adicionais criativos, após seis meses foi constatado que a produtividade diminuiu ligeiramente. Por que isso aconteceu?

Na sede da Google, na Califórnia,
funcionários são incentivados a decorar
o local com brinquedos e objetos de antiquário,
de preferência, inusitados


Fonte: Revista Mente&Cérebro
edição 214 - Novembro 2010

Haslam é professor de psicologia social da Universidade de Exeter, na Inglaterra. Knight é pesquisador, pós-doutorando em psicologia e diretor do Center for Pychological Research into Identity and Space Management, em Exeter.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Interessante, não?!?_Casca de banana pode despoluir água

Por favor, divulguem!

Esnobada por indústrias, restaurantes e até donas de casa, a casca de banana pode em breve dar a volta por cima.

Descobriu-se que, a partir de um pó feito com ela, é possível descontaminar a água com metais pesados de um jeito eficaz e barato.

O projeto é de Milena Boniolo, doutoranda em química pela Ufscar (Universidade Federal de São Carlos, no interior paulista), que teve a ideia ao assistir a uma reportagem sobre o desperdício de banana no Brasil.

"Só na Grande São Paulo, quase quatro toneladas de cascas de banana são desperdiçadas por semana. E isso é apenas nos restaurantes", diz a pesquisadora.

Boniolo já trabalhava com estratégias de despoluição da água, mas eram métodos caros --como as nanopartículas magnéticas--, o que inviabilizava o uso em pequenas indústrias.

Com as cascas de banana, não há esse problema. Como o produto tem pouquíssimo interesse comercial, já existem empresas dispostas a simplesmente doá-las.


clique na imagem para ampliar

MASSA CRÍTICA
"Como o volume de sobras de banana é muito grande, as empresas têm gastos para descartar adequadamente esse material. Isso é um incentivo para que elas participem das pesquisas", afirma.

O método de despoluição se aproveita de um dos princípios básicos da química: os opostos se atraem.

Na casca da banana, há grande quantidade de moléculas carregadas negativamente. Elas conseguem atrair os metais pesados, positivamente carregados.

Para que isso aconteça, no entanto, é preciso potencializar essas propriedades na banana. Isso é feito de forma bastante simples e quase sem gastos de energia.

"Eu comecei fazendo em casa. É realmente muito fácil", diz Boniolo.

As cascas de banana são colocadas em assadeiras e ficam secando ao sol durante quase uma semana. Esse material é então triturado e, depois, passa por uma peneira especial. Isso garante que as partículas sejam uniformes.

O resultado é um pó finíssimo, que é adicionado à água contaminada. Para cada 100 ml a serem despoluídos, usa-se cerca de 5 mg do pó de banana.

Em laboratório, o índice de descontaminação foi de no mínimo 65% a cada vez que a água passava pelo processo. Ou seja: se for colocado em prática repetidas vezes, é possível chegar a níveis altos de "limpeza".

O projeto, que foi apresentado na dissertação de mestrado da pesquisadora no Ipen (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares), foi pensado com urânio.

Mas, segundo Boniolo, é eficaz também com outros metais, como cádmio, chumbo e níquel --muito usados na indústria. Além de convites para apresentar a ideia no Brasil e na Inglaterra, a química também ganhou o Prêmio Jovem Cientista.

Agora, segundo ela, é preciso encontrar parceiros para viabilizar o uso da técnica em escala industrial.

Fonte:
Setor Reciclagem e Folha de São Paulo

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Pense Nisso... Não deixe o cine Belas Artes fechar

por NABIL BONDUKI

Arquiteto, professor de planejamento urbano na FAU-USP. Foi vereador de São Paulo (2001-2004) e relator do Plano Diretor Estratégico na Câmara Municipal.

Milhares de paulistanos estão contra o fechamento desse cinema porque se sentem ligados ao local, que é uma referência cultural e urbana

A mobilização que a notícia do fechamento do Belas Artes gerou fala por si só: o cinema é um patrimônio da cidade de São Paulo. Seu desaparecimento seria a perda de um pedaço de nossas vidas e criará uma lacuna que São Paulo, tão desprovida de memória e de lugares significativos, não pode deixar acontecer. Milhares de paulistanos estão contra esse crime porque se sentem ligados ao local, uma referência cultural e urbana.

Não se trata de preservar a arquitetura do edifício, mas seu uso, sua importância como ponto de encontro e espaço de debate cultural. A noção contemporânea de patrimônio é clara: a comunidade, além dos especialistas, tem um papel fundamental na identificação dos bens culturais a serem protegidos.

A noção de patrimônio mudou muito desde que o Estado Novo, por meio do decreto-lei nº 25/1937, criou o Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e instituiu o tombamento. Na época, prevaleceu uma visão restrita, voltada para os bens com valor arquitetônico e artístico, chamada de “patrimônio de pedra e cal”.

Nessa concepção, os critérios utilizados para a seleção dos bens a serem protegidos eram os de caráter estético-estilísticos, excepcionalidade e autenticidade, valorizando a arquitetura tradicional luso-brasileira, geralmente edifícios isolados, produzida no período colonial. O foco era a criação de uma identidade para fortalecer a construção do Estado nacional.

A partir dos anos 1970, essa noção de patrimônio se alargou para abranger sítios urbanos, manifestações de outros períodos e origens culturais e para valorizar os espaços representativos da vida social e dos hábitos cotidianos da população. Em certas situações, esses podem ser mais relevantes que monumentos de valor arquitetônico.

Valorizando o contexto urbano e edifícios utilizados pela população, essa visão reserva à comunidade um papel ativo na identificação do patrimônio. O tombamento do cine Belas Artes está respaldado no Plano Diretor Estratégico (PDE), do qual fui relator e redator do substitutivo na Câmara Municipal de São Paulo (lei nº 13.540/ 2002). O PDE incorporou integralmente essa visão contemporânea de patrimônio.

Uma das diretrizes do seu capítulo de política de patrimônio histórico e cultural é “a preservação da identidade dos bairros, valorizando as características de sua história, sociedade e cultura” (artigo 89, inciso III); uma das ações propostas é a de “incentivar a participação e a gestão da comunidade na pesquisa, identificação, preservação e promoção do patrimônio histórico, cultural, ambiental e arqueológico” (artigo 90, inciso VII).

De modo coerente com o PDE, parcela relevante da comunidade paulistana identificou um bem que faz parte da identidade de um bairro, que é característico da história e da cultura da cidade, e se mobiliza para garantir sua preservação.

Não é uma questão nova: em 2003, ocorreu uma grande comoção, que impediu o fechamento do Belas Artes e do antigo Cinearte (atual cine Livraria Cultura). Como parte daquela luta, propus uma lei que permite aos cinemas de rua o pagamento do IPTU e do ISS com ingressos, a serem utilizados pela prefeitura em programas de inclusão cultural. Aprovada a lei e passado o sufoco, erramos ao não propor proteção legal permanente para os cinemas.

Agora, não temos tempo a perder; em poucos dias, o Belas Artes poderá ser uma ruína. A Associação Paulista de Cineastas já pediu o tombamento, pedido que eu reforço por meio deste artigo.

O Departamento de Patrimônio Histórico deve elaborar um parecer técnico e o Compresp (conselho municipal do patrimônio histórico) deve convocar reunião extraordinária, antes do final de janeiro, para aprovar o tombamento e não deixar que essa nova catástrofe ocorra em São Paulo.

Vi no Blog da Raquel Rolnik

Pense Nisso...Cinema de rua deve ser protegido: o caso do Belas Artes em São Paulo


Publicado em: 18/01/2011
por Paula Freire Santoro
Arquiteta e Urbanista


"Quer-se esconder as vidas urbanas embaixo do tapete, como se fosse possível uma cidade apenas feitas de shoppings, supermercados, condomínios fechados, carros,
vidros fumê blindados.”

Começo de ano e a polêmica se instaura: o dono do imóvel onde funciona hoje o Cine Belas Artes pede o imóvel e diz que tem proposta de aluguel maior, para outro uso.

Isso não é novidade. Nas décadas de 1950 e 1960, São Paulo tinha cinemas espalhados por quase toda a cidade, inclusive na periferia, dentro de favelas. O cinema era para todos e, até por isso, se diferenciava: no Centro, salas lançadoras, com inovações tecnológicas, a ida ao cinema era um passeio; na periferia e bairros, salas de bairros. O público do cinema na cidade também atingiu seu ápice em 1960 com uma relação de vinte idas ao cinema por habitante por ano em uma população de quase três milhões de habitantes. A febre do cinema era tão grande que haviam salas improvisadas na periferia, como o Cine Brasilândia (1953) ou o Cine São Luiz na Favela Vergueiro.

Manchete do Jornal Última Hora de 1953 anuncia: “Cine Brasilândia: paixão pelo cinema na década de 50 em São Paulo transformava galpão em sala de exibição” (Fonte: Arquivo Multimeios/Centro Cultural São Paulo, 2004).

Cine São Luiz na Favela Vergueiro. Diz-se que nesta favela havia um especulador que além de lucrar com o aluguel dos barracos e cobrar pelo fornecimento de luz (ilegal), possuía um empório e um cinema dentro da favela, pois este era considerado um negócio lucrativo (Abujamra, 1967, p.31).

A década de 1970 marca uma transição no modo de vida urbano – abertura dos shoppings, a mudança do modo de vida baseada no carro, na ideia de "segurança", "exclusividade", etc. – e, principalmente, na dinâmica dos usos do Centro. A opção por usos mais rentáveis matou o cinema de rua, que majoritariamente ocupava edifícios alugados. A tal ponto que não sabemos que São Paulo teve uma Cinelândia! (Para saber mais sobre a Cinelândia, veja artigo aqui: http://www.polis.org.br/download/256.pdf). Matando o cinema de rua, matamos junto o de bairro. O público só diminuiu e na década de 70 atingimos o índice de três idas ao cinema/hab/ano em média. Trocamos o cinema pelo consumo, o passeio é fazer compras, ir ao shopping.

As salas do Centro sofreram a mudança do bairro, que passou a concentrar escritórios, e, embora o uso habitacional tenha permanecido, sofreu com a migração da classe média para outras áreas da cidade.

Mas nem todas as salas do Centro viraram grandes magazines, estacionamentos ou igrejas. Algumas permaneceram e se transformaram: a boca do lixo, o cine pornô, deram (e dão) vida à este pedaço de cidade.

Também as poucas salas remanescentes ficavam geralmente em galerias, próximas à região da Paulista, onde a vida nas ruas ainda é presente, a tolerância à diversidade existe e a cultura urbana se exacerba.

Resistem à duras penas e sem organização frente a uma avalanche de mercado imobiliário e da lógica da rentabilidade que quer “limpar” outros modos de vida que existem na cidade. Seja mediante projetos urbanos ou pequenas decisões imobiliárias por maior rentabilidade como esta, quer-se esconder as vidas urbanas embaixo do tapete, como se fosse possível uma cidade apenas feitas de shoppings, supermercados, condomínios fechados, carros, vidros fumê blindados.

É preciso proteger e valorizar usos menos rentáveis. E, no caso, o cinema, em São Paulo, faz parte da cultura urbana mais paulistana. Mas como fazer isso? Há várias formas e momentos possíveis.

Um deles é proteger o uso menos favorecido por meio de decisões públicas: que o uso dado ao imóvel seja um cinema! Isso pode ser pensado no plano diretor e do zoneamento da cidade, de forma criativa, procurando não engessar o edifício. Mas, no momento atual, o tombamento do “uso” do edifício de cinema, como patrimônio urbano paulistano, é possível e parece o mais viável e que deve ser considerado pelo Compresp ainda nesta próxima terça-feira. Nesta direção, vale a pena ler interessante artigo do Prof. Nabil Bonduki que apoia este tombamento e mostra algumas decisões públicas relativas à cobrança de IPTU do ingresso e de abrir a possibilidade de preservar o uso de um edifício através do Plano Diretor Estratégico de São Paulo (veja aqui).

Na outra direção seria que os espectadores, ao escolherem qual sala ir, variassem suas escolhas, fazendo da sua ida ao cinema uma decisão consciente e evitando que, pela lógica de consumo, exista apenas um modelo de cinema: o das salas em shoppings centers. Se são, na opinião de alguns, as melhores salas as que tem o melhor som, a melhor pipoca, o melhor estacionamento, para outros, o melhor é ir à pé ao cinema mais próximo; há cinéfilos que apreciam um bom filme, mesmo que a sala seja num lugar difícil de estacionar... Além disso, é conhecida a grade de filmes que passam nestas salas de shoppings que nunca (ou quase nunca) retomam clássicos do cinema ou apresentam filmes não comerciais, alternativos. A inexistência de lugares para exibição de filmes não-blockbusters é fundamental para a permanência do cinema criativo, novo, inteligente.

Mas, sim, há tantos outros temas a serem considerados, que aqui só dou umas pinceladas a partir dos debates que já aconteceram.

Ao lutarmos pela permanência do Cine Belas Artes como símbolo da permanência do cinema de rua, estamos apoiando um negócio privado de uma empresa que administra o cinema e que tem condições de mantê-lo sem recursos públicos a mais (inclusive, o Belas Artes parece já possuir patrocínio privado). Não estamos lutando para que os governos dêem recursos para este cinema, mas sim para a permanência deste uso neste lugar da cidade.

A TV não destruiu o cinema na década de 1950, nem tampouco, o vídeo VHS, o DVD, o Blue-Ray, a TV a cabo... Estas novas mídias e tecnologias têm modificado o cinema, mas a atividade ainda resiste, mostrando que há público para todas estas inovações. No caso paulistano, faz parte do modo de vida urbano e existe desde o início do século.

Marcar com reserva de uso um imóvel só tem sentido se este estiver cumprindo uma função social. Como é o caso das Zonas Especiais de Interesse Social, que são marcadas sobre áreas onde se quer prioritariamente fazer habitação de interesse social, de forma a garantir espaços onde, pela lógica de mercado, não haveria lugar para este uso. Portanto, marcar o edifício para ser utilizado como cinema é reservar espaço onde já não há, e por isso, só tem sentido acontecer se for do interesse coletivo e público.

Infelizmente, este é um tema de interesse mais das classes médias e altas que frequentam este cinema do que das classes mais empobrecidas. Até por isso, há menos resistência por parte dos gestores em tomar medidas mais rapidamente. A periferia já teve muitas salas de cinema, o interior do Estado de São Paulo também, e as salas fecharam, por diversos motivos. Mas, por outro lado, não sejamos inocentes. Se por um lado, dar oportunidade para os mais pobres irem ao cinema passa pela oferta de salas, e os equipamentos da periferia paulistana mostram isso. Por outro, a vida dos que vivem distantes das áreas centrais precisa mais do que isso para ir ao cinema: precisam não perder tantas horas de seu dia no transporte público, de recursos financeiros, precisam ter com quem deixar os filhos, entre outros. Levar a cultura e lazer para todos deve ser um objetivo sempre e que envolva políticas de mobilidade, econômicas, associadas às de cultura e lazer.

O cinema já foi mais e menos (ou menos e mais) emblemático de uma cultura brasileira. Sim, poderia ser mais, poderia ter mais espaço para a produção local ou talvez compartir mais com a cultura do entretenimento.

Como bem disse Ruy Castro, um cinema de rua que fecha é uma calçada, um pipoqueiro e uma fila a menos numa cidade (grifo meu). Um lugar de encontro a menos.


Fonte: Instituto Polis