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Uma pesquisa britânica afirma que o jogo de computador Tetris pode ajudar a reduzir os efeitos do estresse pós-traumático.
De acordo com os pesquisadores da Universidade de Oxford, as pessoas que jogavam Tetris tinham menos episódios de "flashbacks" - no qual a visão do incidente, os sons ou cheiros percebidos durante o incidente podem voltar para a vida cotidiana da pessoa.
Segundo os pesquisadores, talvez isso ocorra pelo fato de o jogo ajudar a interromper a marcação de memórias.
Os cientistas esperam que o estudo possa ajudar a desenvolver novas estratégias para reduzir o impacto do trauma.
Os pesquisadores admitem, porém, que transformar suas descobertas em aplicações práticas para o tratamento do problema pode ser difícil.
"Queríamos encontrar uma forma de refrear os flashbacks (...). O Tetris pode funcionar
ao competir pelos recursos do cérebro para informação sensorial", afirmou Emily Holmes,
uma das pesquisadoras.
Memória
O estresse pós-traumático, geralmente associado com experiências durante conflitos, pode
afetar qualquer pessoa que tenha passado por um incidente repentino e chocante.
A experiência conduzida pela equipe da Universidade de Oxford trabalha com o princípio
de que pode ser possível mudar a maneira com que o cérebro forma memórias horas
depois de um evento.
A equipe convocou 40 voluntários saudáveis e mostrou a eles um filme que incluía imagens traumáticas de ferimentos.
Metade do grupo jogou o Tetris em seguida e a outra metade não fez nada depois do filme.
O número de "flashbacks" que cada grupo teve foi então registrado na semana seguinte.
Aqueles que jogaram Tetris tiveram menos desses episódios.
"Sugerimos que (o Tetris) interfere com a forma que as memórias sensoriais são registradas
no período depois do trauma e, dessa maneira, reduz o número de 'flashbacks' que ocorrem depois", afirmou Emily Holmes.
Generalizando
A pesquisadora afirmou que as conclusões do trabalho podem se estender para os efeitos
gerais de jogos de computador na memória.
"Não estamos dizendo que as pessoas com estresse pós-traumático deveriam jogar Tetris,
mas acreditamos que há um valor em compreender como o cérebro funciona e como produz memórias que atrapalham."
"Como não podemos estudar o nascimento de 'flashbacks' reais durante um trauma real, precisamos encontrar outras formas e este tipo de ciência cognitiva pode nos dar modelos
para ajudar numa melhor compreensão da memória emocional", acrescentou.
Para o professor David Alexander, do Centro para Pesquisa do Trauma em Aberdeen, é eticamente impossível simular um evento tão catastrófico como o tipo de incidente que
pode levar ao estresse pós-traumático.
"Os voluntários aqui sabiam que algo iria acontecer mas eles não seriam feridos, um incidente traumático verdadeiro é diferente em escala, e geralmente é completamente inesperado e marcado por sentimentos de perda de controle", disse.
Alexander acrescentou que o estresse pós-traumático normalmente é detectado e
diagnosticado apenas semanas depois do incidente, ao invés de um diagnóstico horas
depois do evento traumático. E é muito difícil prever quando as pessoas têm mais
probabilidade de desenvolver o problema.
Fonte: Estadão
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