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terça-feira, 26 de abril de 2011

Dicas Práticas_ De-com-po-si-ção

Escrito por Claudia Visoni em 15 de fevereiro de 2011.

Usar a composteira e o minhocário para fabricar adubo em casa é muito mais do que uma atitude ecológica. Existe algo de profundamente espiritual em permitir que microorganismos e minhocas transformem plantas mortas em alimento para plantas vivas.

minhocário por dentro

Minha horta é irmã gêmea da composteira. Quando resolvi plantar, achei totalmente ilógico continuar jogando fora sobras da cozinha e podas do jardim se teria que comprar “terra vegetal” nas lojas do ramo. Esses resíduos não são lixo e sim matéria prima para fabricar adubo. Sem um espaço especialmente projetado para a composteira, simplesmente cavei um buraco embaixo de um canteiro suspenso e comecei a colocar lá cascas, talos, caroços, folhas e galhos.

Foi inesquecível a primeira vez que abasteci a composteira. Ao depositar os restos do dia na cova e atirar por cima uma pá de terra, percebi que aquilo era literalmente um enterro. Deu arrepio, mas nada parecido com filme de terror. Tive a sensação de estar intensamente conectada ao ciclo da vida. Parei um instante para contemplar os fragmentos do que tinha sido usado na preparação das refeições e agora seria decomposto por exércitos de microorganismos. Depois, esse mesmo material iria fertilizar as próximas gerações de legumes e verduras aqui mesmo.

Semanas se passaram e, como por milagre, não era mais possível enxergar a casca da banana ou o talo do brócolis: tudo tinha virado uma terra preta, soltinha e cheirosa. Com o tempo, me acostumei a revirar a composteira e encontrar minhocas e toda uma mini-fauna desconhecida. Foi assim até que adquiri um minhocário, para onde agora vão as “sobras nobres” (restos da cozinha). A composteira continua firme e forte, mas cuida sobretudo do setor de jardinagem. Comprei também um triturador, máquina barulhenta que parece um liquidificador gigante e serve para picar folhas e galhos secos, o que acelera o processo de decomposição. O ritual punk de triturar, aliás, é um santo remédio para o mau humor.

Misturo o composto que produzo ao húmus de minhoca também feito em casa ou a fertilizantes orgânicos (Bokashi e Tsuzuki). Semanalmente ou a cada quinze dias, uso o mix para adubar a horta. A essa mesma fórmula recorro quando quero expandir a lavoura. Só tem um detalhe: composteira e minhocário não aceitam restos de carne, queijo, frutas cítricas, comida muito gordurosa e temperada.

Andando pelo bairro, fico indignada com aquelas fileiras de sacos pretos que os jardineiros deixam nas calçadas para os lixeiros levarem. Até as empresas de paisagismo entraram na onda da cadeia de produção linear, algo que na natureza não existe! Assim como todos os objetos industrializados, hoje em dia as plantas ornamentais começam sua história numa loja e terminam num grande lixão, onde tudo mistura e se contamina.

O documentário “Lixo Extraordinário”, oscarizável e atualmente em cartaz, apaga a ilusão de que o lixo desaparece magicamente quando o caminhão de coleta vira a esquina. E o livro “Cradle To Cradle: Remaking the Way We Make Things” (Do Berço ao Berço: Repensando a maneira como fazemos as coisas) faz uma profunda reflexão sobre o assunto e aponta novos caminhos. Ainda não foi editado no Brasil. Encomendei meu exemplar pela Amazon e, quando mergulhar na leitura, volto ao assunto.

Fonte: Blog Simplesmente

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