


Garimpo. “Faço um trabalho minucioso de garimpagem. Visito bazares beneficentes, percorro cidades do interior, recebo e-mails de pessoas”, diz Karina, formada em moda e design e que sempre teve o hábito de reformar móveis para sua casa e a de amigos. E com uma peculiaridade: o uso de muita cor. “Não tenho medo do vermelho, do roxo e do amarelo. É por isso que não me interesso por móveis de antiquário”.
A idéia de ampliar o trabalho e divulgar o estúdio – que se chama Gloria porque ela gosta de nomes antigos e também porque remete a coisas gloriosas – veio quando a casa da Granja Viana começou a ficar atulhada. “Bolei um bazar de dois meses. Vendi as mais de 300 peças que tinha e as pessoas queriam mais. Recomecei o trabalho de garimpagem e, depois de seis meses, fiz uma outra venda”.
No ano passado, Karina optou por deixar outros trabalho de lado e dedicar-se somente ao estúdio. “Adoro o verde e o sossego daqui, mas ir diariamente para São Paulo está ficando cansativo. Em breve vamos manter um apartamento lá e vir para cá nos fins de semana”, adiante.
Afinal, é na cidade que está o pessoal que faz a restauração dos móveis sob a orientação de Karina: tapeceiros, laqueadores, marceneiros, pintores de serralheria. “É gente da minha confiança. Não damos um ‘tapinha’ nas peças. Refazemos os revestimentos dos armários por dentro e por fora, trocamos dobradiças, restauramos puxadores. Os estofados ganham espuma, cintas e molas novas”, explica.

A designer diz que seu trabalho exige muita pesquisa, que vai desde ler livros a assistir a filmes e seriados de época. “Vejo ‘Jeannie é um Gênio’, por exemplo, e presto atenção nos móveis da época, nas cores que eram usadas. Quando reformo um sofá ou uma poltrona, misturo cores, padronagens e texturas. Uso seda com tear manual e veludo, listrados com estampados”.
Por isso, casa peça é única no Estúdio Gloria. Na coleção de inverno, karina optou por revestimentos mais quentes, como veludo, pele de vaca e adamascados. E muito marrom, preto e roxo, que aparecem nos sofás, poltronas e almofadas. “Mas, de repente, pinta um clima romântico e faço uma cadeira rosa”, brinca.
Certa de que seu trabalho também tem um lado ecológico – “tiro o lixo da rua, reciclo e valorizo o artesão” - , Karina vai começar a fazer bulas para cada uma das suas peças. “Vão estar lá a origem, a história do móvel, o material original e a maneira como ele foi restaurado”.
Ela também revende objetos de seis artistas conhecidos seus que têm tudo a ver com o espírito do Estúdio Gloria, entre eles o professor de esoterismo Luiz Neto, que cria pequenos altares. Mística, a designer faz defumações constantes na casa. “Muita coisa pode vir com energia negativa e meu trabalho inclui também esse tipo de limpeza”.

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