por Alessandro Meiguins e Vitor Shin
Revista Super Interessante - 05/04/2002
Amigos de fé
Não importa sua origem, todo xamã
costuma invocar em seus rituais, os espíritos do mundo animal e
vegetal.
Sul-Americano
As plantas da floresta constituem o
principal instrumento de cura e conhecimento dos xamãs amazônicos.
Duas delas – o cipó Banisteriopsis caapi e o arbusto
Psycotria viridis – se combinam na bebida ayahuasca
(“vinho dos espíritos”), considerada a grande professora. O
tabaco também é usado para afastar maus espíritos e os animais
cultuados são a onça e a jiboia. Enquanto seus colegas da América
do Norte usam tambores, seu instrumento é a maracá (chocalho de
cabaça).
Norte-Americano
Suas principais práticas são a Inipi
(“tenda do suor”, sauna indígena à base de pedras escaldantes)
e a “busca da visão” – peregrinação em jejum e isolamento.
Entre seus “animais de poder” destacam-se o coiote e a águia
que, encarnados pelo mago, transmitem ensinamentos à tribo. A
“planta de poder” mais comum é o peiote, botão de cacto
celebrizado pelos livros do antropólogo transformado em xamã Carlos
Castañeda.
Aborígine
De acordo com os nativos australianos,
a dimensão sobrenatural que governa nosso mundo é o chamado Tempo
dos Sonhos. Para obter poder e conhecimento, os xamãs têm de viajar
a esse universo paralelo e encontrar a Grande Serpente Arco-Íris,
símbolo da fertilidade e da vida. Eles também possuem uma forte
ligação com cavernas, acreditam entrar em contato com as forças
dos reinos subterrâneos.
Esquimó
O xamã Angaangaq Lyberth, mais conhecido como Uncle
Os xamãs da região ártica usam
máscaras de feições aterrorizantes para representar seu poder –
capaz de transportá-los, em espírito, o fundo do mar e atravessar o
gelo até o submundo, onde resgatam a alma dos enfermos. Eles também
invocam o espírito dos animais que desejam caçar (baleias, morsas,
caribus e ursos) para negociar a alimentação de sua aldeia.
Siberiano
Na região de onde vem a palavra
“xamã”, o animal cultuado é a rena. Seu couro é utilizado na
vestimenta na proteção contra ataques de espíritos malignos e na
confecção de tambor, principal instrumento de poder dos magos
curandeiros da Sibéria. Eles acreditam que a alma do animal
sobrevive no tambor e pode guiá-los nos seus transes – muitas
vezes induzidos com a ajuda do cogumelo alucinógeno Amanita
muscaria.
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